Fora de mim eu mesmo e o dito tal universo
dentro de mim eu e o tal dito universo
que já dizem multiverso
para além e aqui mesmo
dentro e fora de mim eu mesmo
narciso o fora só existe dentro
eu não o vejo nem a mim mesmo
além do espelho nas águas calmas
e assim eu vou levando
de um jeito bem feliz
como é e deve ser
para ser feliz
na tela de meu computador
o inseto insiste em passear
em cima destas palavras
letra após letra e espaços tentando se juntar
só pra dizer que sou feliz mas muito triste
neste jeito de ser feliz
em que a memória persevera
eu sinto que o mundo me ultrapassa
na corrida sem sentido de se ser
e no beco sem saída onde me encontro
reconheço que a aposta está perdida
No silêncio de um instante imaginário
eu procuro recompor a minha vida
nos pedaços que deixei pelo caminho:
é um mosaico muito estranho o que resulta
e embora relutante em me rever
na imagem reconheço uma saudade
Depois de mim a flor
tão bela aos que a olham no instante
e que rapidinho vai murchando
à beira da fonte, do regato
que corre para o rio para o mar
sem parar sem parar… lá vou eu